Apesar de mais prudentes, existem menos motoristas mulheres
Independente do seu gênero, você já ouviu (ou mesmo disse) alguma piadinha sobre o “perigo da mulher no volante”. Esse conceito, arraigado na nossa sociedade, afasta milhares de possíveis novAs motoristas ano após ano. E, sabem quem perde com isso? Todos nós! A igualdade de gênero no trânsito é assunto urgente e tem projeto de lei tramitando no Senado Federal.
Infelizmente, esse tipo de preconceito ocorre em todo o mundo. Desde a criação do primeiro automóvel, esse sempre foi um campo dominado pelos homens, desde a fabricação até a condução do veículo. Passados 137 anos, essa indústria evoluiu muito, mas ainda exclui as mulheres do processo. Por exemplo, apenas esse ano (2023) foi criado o primeiro boneco de teste de segurança feminino.
Isso mesmo, até esse momento os “dummies”, como são conhecidos, representavam apenas o corpo masculino. Dessa forma, não levavam em consideração diferenças anatômicas, como alguns músculos femininos serem mais flexíveis. Assim, diante ao mesmo impacto e velocidade, a mulher tem mais chance de vir a óbito. Além disso, nos testes europeus, dos cinco ocupantes bonecos, apenas 1 representa a mulher, que é um dummy “masculino” com um padrão menor.
A boneca de testes foi criada na Suécia e tem uma mulher à frente do projeto – Astrid Linder, diretora de segurança do Instituto Nacional de Pesquisa Rodoviária e de Transportes. Segundo ela, homens e mulheres devem ser representados de forma adequada e respeitando suas anatomias. Assim, tornando o trânsito mais seguro para elas. Inclusive, a criação/implementação do dummy feminino está entre os direcionamentos da OMS no Plano Global Década De Ação Pela Segurança No Trânsito.
Igualdade de gênero no trânsito para maior segurança
Este plano visa as ações entre 2021 e 2030 para tornar o trânsito mais seguro e, entre elas, está a maior participação das mulheres. Apesar de elas terem 47% mais chance de uma lesão em um sinistro do que os homens, estudos mostram que as motoristas têm menos probabilidade de se envolver em acidentes. Segundo a OMS “quando elas morrem, geralmente é em diferentes circunstâncias, como pedestres e passageiras de automóveis, em vez de condutoras de automóveis e motociclistas”.
Como parte da abordagem de sistemas seguros de trânsito indicado pela OMS está a inclusão de mais motoristas mulheres, inclusive no transporte público. Além disso, elas também devem estar inseridas nas tomadas de decisão, desenvolvimento de sistema regulatórios e políticos, engenharia, etc.
Mas, na prática, a ideia pré-estabelecida de que mulher não sabe dirigir as afasta do volante. Segundo dados do Senatran, das carteiras de habilitação ativas, apenas em torno de 35% são de condutoras. E, quando falamos de motoristas habilitados na categoria C isso cai para menos de 7%. Infelizmente, não para por aí.
Projetos que promovem a igualdade
Para as mulheres o perigo não está apenas em dirigir, mas também em sofrer assédio sexual quando passageiras. Por isso, um projeto de lei que tramita no Senado quer tornar obrigatório um curso sobre igualdade de gênero no trânsito na formação de novos condutores. Assim como fez a vizinha Argentina, ele visaria ao combate ao preconceito e casos de violência sexual.
Para incentivar mais meninas a tirarem a carteira de motorista, o projeto “Elas na Direção” está custeando a primeira habilitação. Através do Instituto Plano de Menina e da Chevrolet, a ideia é, além do documento, formar condutoras mais seguras e confiantes. Nesse sentido, promovendo aulas teóricas e práticas.
A Rek Parking está atenta a questão da igualdade de gênero no trânsito e combate qualquer tipo de preconceito e/ou violência. Inclusive, aqui no blog já fizemos um post sobre o tema (visite Mulheres No Trânsito, Segurança Constante).