Mulheres no trânsito, segurança constante

Mulheres no trânsito - Rek Parking

Estatísticas mostram que elas são mais cuidadosas que os homens e se envolvem em menos acidentes

Esqueça aquelas frases prontas que taxam a mulher com má motorista. Inclusive, nós, da Rek Parking, não iremos reproduzi-las aqui e em lugar nenhum, mesmo que a intenção sejam desmistificar isso com dados concretos. Ao contrário de tudo o que é propagado, as mulheres no trânsito promovem muito mais segurança. Bem como, tem um comportamento mais estável emocionalmente do que os homens.

Atualmente, no Brasil, há mais motoristas homens com CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Segundo a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) são 77,5 milhões de CNHs ativas. Assim, sendo 65% do sexo masculino e 35% do feminino. A boa notícia é que a porcentagem de mulheres habilitadas vem aumentando a cada ano. Em 2018, eram 33,7%.

Essa diferença pode ser explicada por fatores culturais e pela reprodução dos preconceitos. Por exemplo, os meninos ganham carrinhos desde pequeno, já esse não é um presente comum a elas. Além disso, no nosso país carro está relacionado a virilidade. Dessa forma, reforçando um comportamento violento na direção e criando uma atmosfera de medo para as mulheres no trânsito. Um estudo da Associação Brasileira de Medicina no Trânsito (Abramet) apontou que 2 milhões de brasileiros gostaria de dirigir, mas tem medo. Destes 80% são mulheres.

No entanto, o trânsito seria muito mais seguro se elas fossem a maioria. Dados recentes do Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo – Infosiga-SP demostram isso. As motoristas são mais prudentes do que os homens. E, por conseguinte, sofrem menos acidentes e recebem menos multas.  No estado, em 2022, 3.361 condutores perderam a vida no trânsito, sendo 92,7% homens e 7,3% mulheres. Contabilizando pedestres e passageiros, a porcentagem é de 82,5% do sexo masculino e 17,5% do feminino.

Trânsito mais seguro com elas

Não são apenas os dados do Infosiga-SP que mostram que as mulheres no trânsito são mais responsáveis. Uma pesquisa realizada para companhias de seguro, pela Quality Planning, indicou que homens tem 3,4 vezes mais chance de cometer infração de trânsito. E 3,1 vezes mais possibilidade de dirigir sob efeito de álcool. Já o Plano Global – Década De Ação Pela Segurança No Trânsito 2021-2030, da ONU, afirma que os homens estão associados a um risco 2 a 4 vezes maior por km do que as mulheres.

Esse comportamento masculino reflete nos acidentes. Um censo realizado pela Unicamp, a pedido do Zignet, mostrou que os homens entre 18 e 49 anos são os principais causadores de sinistros. Por exemplo, de junho de 2021 a julho de 2022, foram 192.643 colisões com eles ao volante, contra 68.039 com motoristas mulheres. Ao mesmo tempo que, em relação às colisões traseiras, foram 123.633 masculinos e 40.182 femininos.

Apesar disso, as mulheres têm um alto índice de morte no trânsito. Segundo o Plano Global da ONU, quando elas morrem em acidentes, geralmente são como pedestres ou passageiras de veículos. Além disso, tem 47% maior risco de lesão graves e cinco vezes mais risco de lesão cervical. “As diferenças intrínsecas de gênero com relação ao esqueleto podem ser uma das possíveis razões para a maior incidência de lesões em mulheres”, informa o documento.

O trânsito é machista

De ponta a ponta, o trânsito é feito por homens e para homens. Desde o projeto dos veículos, construção destes até o planejamento urbano. E isso inclui os testes regulatórios que avaliam a segurança dos automóveis. Atualmente, são usados modelos do sexo masculino médio. Dessa forma, não refletindo as características físicas específicas e as necessidades das mulheres.

Segundo a ONU, mais mulheres precisam ser envolvidas no setor de transportes e nos seus processos. Principalmente na tomada de decisões dos sistemas regulatórios e políticos. “É necessário um maior enfoque nas diferenças de gênero em relação ao projeto e à construção de todos os aspectos da infraestrutura de transporte. Por exemplo, o projeto do veículo precisa ser modificado para acomodar as diferenças na ergonomia entre os gêneros, o dummy [boneco de teste] EvaRID é um bom exemplo de como isso pode ser alcançado quando tiver sido validado com sucesso por testes regulatórios”.

Da próxima vez que você ver uma mulher dirigindo, lembre-se que ela é sinônimo de segurança no trânsito. Não ao contrário.