O Brasil se comprometeu a diminuir o limite máximo e já tem projeto de lei sendo estudado
Velozes e furiosos pode ser muito legal no cinema, mas, no mundo real, o excesso de velocidade é o maior causador de morte no trânsito em todo o mundo. E o Brasil não fica de fora. Sendo o 3º país com mais mortes no trânsito, segundo o relatório Global Status Report on Road Safety, da OMS (Organização Mundial da Saúde). Mas, há caminhos para uma mudança significativa e ele passa pela redução da velocidade máxima das vias.
É importante a gente entender como é definida a velocidade máxima no Brasil. São realizados estudos do órgão de trânsito sobre a via, levando em conta circulação de pedestres, veículos lentos, pavimentação, quantidade de veículos, se é pista simples ou dupla, se há escolas ou hospitais, etc. Assim, com esses dados, calcula-se a velocidade de 85% dos veículos que transitam no local. Por fim, definindo a velocidade máxima em múltiplos de 10 (50km/h, 60km/h…). Por isso, há tanta variação de velocidade. Mas, em via de regra, todas estão acima do limite seguro segundo a OMS.
Segundo o Plano Global – Década de Ação pela segurança do trânsito 2021 a 2030, o limite desejado é 30 km/h em centros urbanos; ≤ 80 km/ h em rodovias rurais simples; 100 km/ h em rodovias expressas. 140 países, inclusive o Brasil, assinaram a Declaração de Estocolmo. Dessa forma, se comprometendo a diminuir o número de mortes no trânsito e adotar medidas para a redução da velocidade máxima. Para isso, atualmente, tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei para modificar o Código de Trânsito Brasileiro nesse sentido. Bem como, alterar as regras de fiscalização. No texto, as vias urbanas de trânsito rápido seriam 60 km/h (hoje é 80 km/h). Já as vias arteriais seriam 50 km/h (hoje é 60 km/h). Ainda acima do indicado pela OMS.
Velocidade menor menos acidentes
Diversos estudos corroboram que a velocidade está intimamente ligada a gravidade do sinistro. E até se ele irá ocorrer ou não. Quanto mais rápido, mais longa é a frenagem. Por exemplo, se o carro estiver a 30km/h, percorrerá mais 8 metros durante o tempo de reação do motorista e mais 6 metros para parar totalmente. Ou seja, percorrendo 14 metros após o condutor ter consciência do imprevisto. Já se estiver a 80km/h, esses números mudam para 48 metros (tempo de reação) e 67 metros para parada. Totalizando 155 metros.
Mesmo que aconteça o acidente, a redução da velocidade máxima para 30km por hora diminui o risco de morte. Segundo um estudo divulgado pelo site dinamarquês Copenhagenize, a chances dos acidentes fatais cai para 10%. No entanto, quando o limite é de 50km/h, o percentual sobe para 80%. As cidades que já implementaram essa medida têm visto bons resultados. Em Nova York, que tem como regra 40km/h, houve queda de 25% nas fatalidades. Já em Oslo (Noruega), quando se implementou 30km/h em áreas escolares, diminui a zero o número de pedestres ou ciclistas mortos em acidentes.
É mito dizer que o trânsito fica mais lento
Toda vez que se fala em redução de velocidade máxima, ainda mais no Brasil, tem alguém que se opõe dizendo “mas, assim, o trânsito vai ficar pior”. No entanto, estudos mostram que isso não tem nenhum impacto no tempo de viagem. Ao contrário, a velocidade mais baixa pode fazer o trânsito fluir melhor nos momentos de pico, já que se torna mais homogêneo.
Dados da Organização Mundial de Saúde mostraram que reduzir de 80km/h para 50km/h adiciona 27 segundos por quilômetro rodado. Em contrapartida, reduz em 83% risco de sinistros com vítimas feridas e 53% com vítimas fatais. Já de 50km/h para 30km/h são 48 segundos a mais, com redução de acidentes em 56% com feridos e 80% com óbitos.
A Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania de Fortaleza fez um estudo inédito nesse sentido. Foram avaliadas seis vias submetidas a redução de velocidade máxima e se constatou um aumento de apenas 6,08 segundos por km. Um tempo insignificante se levarmos em consideração as vidas perdidas e as famílias impactadas com os acidentes de trânsito.
O fato é que, reduzir a velocidade máxima, tornam as cidades mais amigáveis e coloca a vida humana como principal fator. Nós, da Rek Parking, apoiamos a ideia de um trânsito mais seguro para todos.