Monitor da Rek Parking é flagrado recolhendo lixo e ganha elogio

Monitor da Rek Parking -Paulo-Canela

A atitude foi publicada em redes sociais e gerou uma reflexão sobre o nosso papel na sociedade

“Um ato de gentileza é a melhor maneira de começar o dia”. Podemos dizer que foi assim que o monitor da Rek Parking Paulo, da base de Canela, acabou ganhando as redes sociais. Em um dia comum do seu trabalho, ele “apenas” recolheu e levou a lixeira um objeto jogado por alguém. Isso foi flagrado por um motorista que fez questão de registrar e publicar.

Uma atitude simples de quem ama a sua cidade e que entende o seu papel de cidadão. O que chama atenção nessa história é o fato de nos surpreendermos com essa ação. Sendo que, na verdade, deveríamos nos incomodar com uma pessoa que se sente no direito de jogar lixo na via pública.

O gesto de Paulo nos deu a chance de o conhecermos melhor. Ele é funcionário da Rek Parking há 4 meses. Nesse período já se deparou com algumas particularidades do trabalho do monitor, como ele mesmo descreve “desafiador e gratificante”.

Paulo é daquelas pessoas que valem a pena tirar alguns minutos para uma conversa. Por isso, decidimos compartilhar na íntegra a sua entrevista. Afinal, ninguém melhor que o próprio monitor da Rek Parking para nos contar como é o “outro lado” da Zona Azul.

Elogio - Rek Parking - Canela

 Você foi registrado por uma pessoa recolhendo o lixo deixado por alguém perto do parquímetro. Essa pessoa fez uma postagem no Facebook elogiando sua atitude. O que você achou disso?

Embaraçoso e com impacto positivo. Dialogar sobre um assunto em público traz reflexão pra muitas pessoas.

Na sua opinião, qual o maior desafio do trabalho do monitor?

Na minha realidade pessoal, o maior desafio é o contato direto com os contribuintes.

Temos muitas experiências no nosso dia-dia nas ruas. Além da postura profissional, tenho cautela pra manter o respeito humano sempre presente, em todos os atendimentos. Mas dentro de um diálogo, isso se torna trabalho pra dois, no nosso caso, tanto do monitor quanto do contribuinte. Se geramos a TPU (tarifa de pós utilização), não foi uma decisão pessoal, foi um procedimento profissional. Atacar verbal ou fisicamente um monitor, é o mesmo que atacar uma pessoa, que como todos, está trabalhando.

Somos profissionais, prontos pra dialogar como adultos: “maturidade de um adulto, graça e respeito. Uma fórmula que resolve todo problema social”.

Na minha visão, a Rek Parking e o bem estar dos monitores, também são responsabilidade do cidadão (incluí os lojistas, turistas, oficiais, internautas, todos!).

O trabalho de monitor é muito importante para a mobilidade urbana da cidade. Você atua num dos maiores destinos turísticos do estado. Como você se sente em relação a isso?

Responsável. Estar na rua, representando a mim mesmo, a empresa e a cidade, não são as únicas responsabilidades.

Nós, monitores, somos em muitas vezes o primeiro recurso humano pros turistas e moradores. Imprevistos acontecem, e quem está no local sempre precisa fazer uma escolha ou até tomar atitudes imediatas. Ressalto mais uma vez: O “AMARELINHO” É SEU ALIADO, E MUITAS VEZES, UM AMIGO!

O que você gostaria que todos soubessem sobre o estacionamento rotativo ou sobre o trabalho do monitor?

A Zona Azul é cobrada para benefício do município e com base na lei, não há roubos relacionados ao trabalho designado ao monitor “amarelinho”!

Não cobrar um veículo não-isento, é um ato anti-profissional e provavelmente criminoso, não é um gesto de amizade. Pedir isso pro monitor, é o mesmo que pedir que um vendedor de qualquer loja roube um produto para você. Em Canela a tolerância gratuita são 10 minutos, tempos maiores (11 minutos pra cima) são pagos, e é nossa obrigação profissional e moral monitorar isso com auxílio da Tarifa!

Paulo, a missão da Rek Parking é levar qualidade de vida para as cidades. Como você julga que seu trabalho contribui para este objetivo?

A Zona Azul é como um rio social. O fluxo continuo é a chave da circulação aqui. Circulação comercial, turística, pessoal. Cobrar o uso do tempo estimula essa circulação, libertando o fluxo do crescimento municipal, consequentemente do estado, consequentemente do país… do mundo. Todo trabalho acrescenta muito além do que podemos medir.

Sabemos que muitas pessoas não respeitam o trabalho do monitor. O que você gostaria que elas soubessem?

É minha responsabilidade como adulto te respeitar, eu lhe respeito, é sua responsabilidade como adulto me respeitar. A infância e juventude acabou ao se completar 18 anos.  Respeito é graça e prelúdio de riqueza.

Paulo, sua atitude gerou bastante comoção nas redes sociais. Por que você acredita que atos de cidadania como o seu ainda são raros na sociedade?

Gostei da pergunta.

Olha…

Uma criança de 10 anos de idade hoje, tem mais acesso à informação, que um imperador romano já teve no passado.

Somos humanos iguais as pessoas de todas as eras. Mas hoje em dia surgiu uma nova necessidade urgente: gerenciar o caminho da mente com grande afinco. A entrada de informações é TANTA, que não dá pra pensar em tudo ao mesmo tempo, nem em pouco tempo, e decidir não escolher com o que vai gastar seu tempo mental, vai gerar um “desnorteado mental”.

Eu me comparava dirigindo minha mente à um bêbado dirigindo um veículo, resultados semelhantes (caóticos e destrutivos). Até começar a escolher com o que pensar. Somos todos muito exigentes, mas nem todos são seletivos.

Os costumes construtivos mais simples como sorrir ao dar oi, gastar alguns segundos a mais também pelo outro, cuidar aonde pisa, segurar a porta, compartilhar, juntar o lixo no chão, enfim, cidadania, se perdem na mente “embriagada” de excessos de pensamentos aleatórios. Na maioria dos casos não são maldades nossas essas faltas, são cegueira e esquecimento. E ainda assim, continuam NOSSA (humana) responsabilidade.

E adiciono com alegria, que já não acho raro ver nas ruas essa graça de ser nobre nas pessoas.

E não sou o melhor dos exemplos, sou um reflexo. Errei pra aprender. E vejo muitos “errantes” sendo nobres por aí.

Por fim, como você acredita que os usuários da zona azul de Canela podem contribuir de forma cidadã com o município?

Duas coisas simples e que não custam 1 real sequer:

* Perguntarem a si mesmos todos os dias: Como posso me tornar uma versão melhor de mim mesmo hoje? (Pequenas mudanças já movem oceanos).

* Sempre que forem iniciar um diálogo, gastar uns segundos pra se pôr no lugar do outro, e aí sim, falar.

Só temos que agradecer ao Paulo pelo tempo, pelas palavras e por nos agraciar com um pensamento muito relevante: “Os costumes construtivos mais simples… se perdem na mente “embriagada” de excessos de pensamentos aleatórios”

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